Dispositivos Vestíveis e a Inclusão de Usuários de Cadeiras de Rodas
A tecnologia vestível tem avançado a passos largos nos últimos anos, com empresas como Google, Samsung e Apple lançando produtos cada vez mais sofisticados e recheados de recursos. No entanto, um público específico continua a ser relegado a um segundo plano—os usuários de cadeiras de rodas. O recente lançamento do Google Pixel Watch 3 não trouxe um "modo cadeira de rodas" delegado, característica que poderia beneficiar enormemente essa fatia da população.
O Desapontamento nas Expectativas
Quando foram apresentadas as novas funcionalidades do Pixel Watch 3, como meticulosidade nos dados de corrida e monitoramento de saúde, muitos esperavam que uma função dedicada para cadeiras de rodas também estivesse incluída. Afinal, esforços para proporcionar uma maior diversidade nos produtos tecnológicos são cada vez mais discutidos. Contudo, a ausência desse recurso específico foi uma decepção para muitos usuários que dependem de cadeiras de rodas.
Como amante da tecnologia e também usuário de cadeira de rodas, essa exclusão é um lembrete de que as prioridades das grandes empresas muitas vezes não alinham-se com as necessidades de grupos marginalizados. O mercado é, em grande parte, impulsionado pela busca por lucro, resultando em produtos que atendem a um público mais amplo, mas não necessariamente a todos.
A Realidade do Mercado de Dispositivos Vestíveis
Quando analisamos o perfil demográfico, cerca de 8,5% da população dos EUA sofre de algum tipo de problema de mobilidade. Desses, aproximadamente 15% são usuários de cadeiras de rodas, o que corresponde a cerca de 3,5 milhões de pessoas. Apesar de esse número ser significativo, ele ainda é uma fração da população total, o que faz que empresas optem por não integrar recursos adaptados às necessidades específicas dessas pessoas.
Exemplos Positivos: O Caso da Garmin
Há, porém, exceções como a Garmin, cujos dispositivos vestíveis, como o Garmin Venu 3, foram projetados tendo em mente as peculiaridades de usuários em cadeiras de rodas. Este smartwatch é eficaz em rastrear rotinas de exercícios adaptadas, monitorar a saúde e ainda oferece algumas funcionalidades atraentes que tornam a experiência do usuário mais rica. No entanto, o sistema operacional da Garmin é um ponto negativo, já que não é tão intuitivo quanto o Wear OS ou o watchOS, tornando a navegação um pouco mais complexa.
Comparação com Outros Sistemas Operacionais
Ao comparar o Garmin Venu 3 com o Pixel Watch 3, fica evidente que enquanto a Garmin foca em atender bem um nicho específico, outras marcas optam por atender um público maior, priorizando recursos que não necessariamente beneficiam usuários de cadeiras de rodas. Isso levanta a questão: até que ponto as empresas estão dispostas a adaptar suas tecnologias para incluir todos os usuários?
O Que O Futuro Poderia Reservar?
O Google e outras grandes marcas têm um longo caminho a percorrer para realmente abranger as necessidades de todos os consumidores. Um modo específico para cadeiras de rodas, com algoritmos ajustados às reais condições fisiológicas e limitações físicas dos usuários, poderia revolucionar a forma como esses dispositivos vestíveis são utilizados. No entanto, seria uma decisão de negócios que poderia não resultar em um retorno financeiro significativo.
A Necessidade de Inclusão na Tecnologia
Punir empresas que não oferecem esses recursos pode não ser a solução. O ideal é que os usuários façam suas vozes serem ouvidas por meio de feedback e que as empresas reconheçam a relevância de um mercado mais inclusivo. O aumento da conscientização sobre a diversidade em dispositivos vestíveis pode eventualmente levar as marcas a reconsiderar suas estratagemas de desenvolvimento de produto.
Considerações Finais
O desenvolvimento de tecnologias inclusivas deve estar no foco das inovações tecnológicas futuras. A pressão do consumidor, juntamente com a crescente demanda por diversidade em produtos, poderá resultar em avanços significativos.
A Ação do Consumidor
Se você é um consumidor que se identifica com essa proposta, considere expressar suas necessidades diretamente às marcas, seja através de redes sociais ou em eventos de lançamento, para que elas entendam a importância de incluir todos os usuários em sua lista de prioridades.
Ao mesmo tempo, continuaremos a utilizar as ferramentas que já temos, como o Garmin Venu 3, reconhecendo suas limitações, mas também celebrando os avanços que foram feitos. A expectativa é de que, no futuro, a inclusão não seja uma exceção, mas sim a regra, e que dispositivos vestíveis atendam verdadeiramente a todos.
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